sábado, 9 de maio de 2009

De Figueiró dos Vinhos ao Rio de Janeiro

Por Roberto Sandoval : rlavodnas@hotmail.com ou rlavodnas@gmail.com

Introdução

É no século XII que encontramos as primeiras fontes escritas com referência ao território figueiroense, primeiro com o registo da Doação da Herdade do Pedrógão em 1135 e mais tarde com a concessão por D. Pedro Afonso, filho natural de D. Afonso Henriques, de Carta de Foral aos Concelhos de Arega (1201) e Figueiró (1204), sendo estes dos Concelhos mais antigos do país. Com o advento da Época Moderna Figueiró dos Vinhos reforça a sua importância com a renovação da Carta de Foral em 16 de Abril de 1514 por D. Manuel I, atingindo uma apreciável prosperidade económica, evidenciada no incremento urbano da Vila, visível nos edifícios do Centro Histórico, donde se destaca a construção da Torre Comarcã erigida em 1506, testemunha simbólica da confirmação do poder concelhio, que coabitou com as formas prevalecentes do Poder Senhorial.

Capítulo I – Figueiró dos Vinhos

Manoel Fernandes e Maria João , ambos nascidos por 1625 , foram moradores na Aldeia do Douro, Freguesia de Figueiró dos Vinhos, Leiria , Portugal , onde tiveram , pelo menos , o filho Antonio Fernandes , nascido em 1653 na mesma aldeia Douro.

Dos registros da Igreja São João Batista de Figueiró dos Vinhos , página 15 verso :

“Antonio filho de Manoel Fernandes e de Maria João do Douro Baptizou o Pe [Padre] João dos Reis de minha Lça [Licença] em os 13 de Fevereiro de 653 [1.653].
PP [Padrinhos] Antonio Fernandes e Catherina Lopes viuva que fiquou [ficou] de Pedro Dias todos do Douro.
Fig.roa [Figueiroa]”.


Capítulo II – Freguesia de Santa Justa em Lisboa

Na tarde de 2/02/1688 , Antonio Fernandes casou-se na Igreja de Santa Justa de Lisboa com Maria Josefa , viúva de Domingos Antonio.

Dos registros da Igreja de Santa Justa , página 26 verso :

“Ant.o Frs e [Antonio Fernandes e]
M.a Josepha [Maria Josepha]

Aos dois dias do mes de fever.ro [fevereiro] de mil e seiscentos e oitenta e oito annos de tarde nesta Igr.a [Igreja] de Sta Justa em presenssa de mim o P.e [Padre] Luis Dias Cura della e sendo presentes por testemunhas o P.e ...... desta Igr.a M.el Campos Ignacio Bauptista Se casarão por palavras de presente na forma do Concilio Trid. e Constituiçoes deste Arcebispado por mandado do Juiz dos Casam.tos [Casamentos] D.or Sebastião Montr.o da Vide , Ant.o Frs f.o de [Antonio Fernandes filho de] M.el Frs [Manoel Fernandes] e de Maria João n.al [natural] da V.a [Vila] de Figueiro dos Vinhos freg.a [freguesia] de São João Bauptista aonde foi baptizado e m.or na freg.a [morador na freguesia] de São Miguel de Alfama con Maria Josepha v.a [viuva] de D.os Ant.o [Domingos Antonio] moradora nesta freg.a de Sta Justa [freguezia de Santa Justa] de que fiz este termo que assinei com as ditas testemunhas.
O Cura Luis Dias.
Ignacio Bauptista.
P.e Mel Campos”.


Antonio Fernandes e Maria Josefa deixaram , pelo menos , o filho Felipe o qual declarou , em seu processo de Dispensa Matrimonial , ser natural e batizado na Freguesia de Santa Justa do Patriarcado de Lisboa.

Em 1738 , Felipe Santiago de Afonseca habilita-se (ao que parece-me) ao Tribunal do Santo Ofício conforme Código Referência : PT-TT-TSO/CG/A/8/2/1571 , Cota Antiga : HI 34-108; NT 3677 , conforme documentos existentes na Torre do Tombo em Lisboa.

Em 1739 , Felipe segue seu destino rumo ao Brasil.

Pelo grande desastre do terremoto , seguido de incêndios , em Lisboa , vários documentos da Igreja de Santa Justa foram perdidos e creio que também o registro de batismo de Felipe , o qual não localizei.

“Em 1755 , as 9:20 horas do dia 1º de Novembro , ocorre o grande terremoto , resultando na destruição quase completa da cidade de Lisboa, e atingindo ainda grande parte do litoral do Algarve. O sismo foi seguido de um tsunami , que se crê terá atingido a altura de 20 metros e de múltiplos incêndios, tendo feito certamente mais de 10 mil mortos (há quem aponte muitos mais). Foi um dos sismos mais mortíferos da História.
A Igreja de Santa Justa foi totalmente destruída como a maioria dos edifícios de Lisboa. A primitiva Igreja de Santa Justa, uma das paróquias mais antigas de Lisboa, anterior a 1166. Reconstruída e arranjada, foi resistindo ao tempo e aguentou até razoavelmente o terramoto. Não resistiu, porém, ao incêndio que se seguiu ao sismo”.


Capítulo III – Felipe no Rio de Janeiro

Em 1740 , Felipe Santiago de Afonseca apresenta à Câmara Eclesiástica do Rio de Janeiro uma petição declarando que chegou ao Rio de Janeiro em 1739 , conforme seu processo de Dispensa Matrimonial , que segue :

“Em 13/10/1740, Felipe de Santiago de Fonseca apresenta uma petição junto a Câmara Eclesiástica do Rio de Janeiro. Ele esta contratado para casar com Catharina da Cunha Ferreira.
Como não possue a certidão de banhos de sua pátria, são apresentados os depoimentos de 4 pessoas que comprovassem serem verdadeiras as afirmações apresentada pelo mesmo.
Foram testemunhas: Antonio Pereira, natural da Freguesia de Santa Justa da cidade de Lisboa : João Camara, natural de Lisboa; Manoel [Correia] Leal, natural de São Miguel da cidade de Lisboa; e [?] da Silva, natural de Lisboa.
Neste processo ele diz ter 31 anos, ser solteiro, livre e desempidido, não fez voto de castidade ou de religião e que não possue nenhum impedimento para o casamento.
Veio para a cidade do Rio de Janeiro no ano de 1739. Em 02/11/1740, apresenta nova petição, depois de confirmados os depoimentos, paga uma fiança - o casamento será celebrado com caução por não ter apresentado a certidão.
Ele é filho legítimo de Antonio Fernandes e de Maria Jozepha (falecidos). Natural e batizado na Freguesia de Santa Justa do Patriarcado de Lisboa. Seu nome também aparece como Phillipe de Santhiago e Fonseca.
Ela é filha legítima de Tristam Mendes da Cunha e de Ursulla Ferreira das Virgens. Natural e batizada na Freguesia de Nossa Senhora do Pilar das Congonhas do Sabará.
Ambos são moradores na Freguesia de Nossa Senhora da Candelária. Onde provavelmente ocorreu a cerimônia do casamento. Espero ter atentido a solicitação da sua pesquisa.
Atenciosamente,
Arquivo da Cúria do Rio de Janeiro.
29/03/2008”.


Aos 5/11/1740 , Felipe Santiago de Afonseca casou-se na Igreja da Candelária do Rio de Janeiro com Catarina da Cunha Ferreira , natural da Freg. de Nossa Senhora do Pilar das Congonhas do Sabará, MG , filha de Tristam Mendes da Cunha , natural da Ilha da Madeira e de s/m Úrsula Ferreira da Virgens , natural da Cidade da Bahia , atual Salvador, BA.

Dos registros eclesiásticos da Igreja de Nossa Senhora da Candelária, RJ , página 51 verso :

“Philipi Samthiago Afonseca

Aos sinco de Novembro de mil e sette centos e corenta [5/11/1740] nesta Parochial e com minha presença e das testemunhas abaixo nomeadas Se recebeo em Matrimonio por palavras de prezente na forma do Sag. , digo , feitas as diligencias na forma do Sagrado Concilio Tridentino e Constituiçoens Philipi de Samthiago Afonseca natural e baptizado na freguezia de Santa Justa da Cidade de Lisboa filho legitimo de Antonio Fernandes e de Maria Josepha ; com Catharina da Cunha Ferreyra natural e baptizada na freguezia de Nossa Senhora do Pillar das Congonhas do Sabará filha legitima de Tristão Mendes da Cunha e de Ursula Ferreyra das Virgens , moradores ambos os contrahentes nesta freguezia. Como tudo me consta da Provisão que me aprezentou o Muito Reverendo Provisor e Juiz dos Casamentos o Doutor Gaspar Gonçalves de Araujo e por não me constar de impedimento algum canonico e terem se confessado e lhes dei as bençoens sendo testemunhas Antonio Ramalho e João Duarte Filgueira de que fiz este assento que assignou commigo.
O Vig.o Ignacio Marsel.
Antonio ...
Jose ...”.


Felipe Santiago de Afonseca e s/m Catarina da Cunha Ferreira , seguem através do Blog seguinte : http://madeiracampobelo.blogspot.com/

[Fotos no rodapé deste blog]

[em construção]